segunda-feira, 19 de novembro de 2012

"Poltronas"


Começou a garoar, mas continuei correndo. Estava correndo naquele estádio há um tempo, que não sabia quanto era. Nem sabia também que estava correndo de costas.

No caminho da vida, depois de conhecer o caminho certo e depois de passar por provações, comecei a correr. Nesse mesmo caminho, meu guia, Deus, conversava comigo me direcionando. Uma vez, pus-me a falar com Deus. Mas ao estar exaltada, minha voz acabou por cobrir a voz de Deus. O caminho mudou, com meu próprio direcionamento.
A corrida só continuaria se aceitasse quem era para seguir em frente, e através de tempo, oração e pessoas. Durante um ano, consegui correr ainda. Ganhei muitas bênçãos e conhecimento, mesmo correndo em um chão diferente, com pessoas diferentes ao meu redr. Aos poucos, porém comecei a falar mais alto. Então, comecei a correr de costas, sem perceber. Perdendo a direção, estava apenas correndo. Corri de costas por mais de um mês, sem perceber. Deus falava comigo, mas ouvia pouco, corria mais. Meus tornozelos, meu joelho, meus pés estavam sustentando algo de errado. Até que abruptamente pararam e eu caí. Caí e não senti nada. Vendo uma poltrona ao meu lado, sentei-me nela e reparei o lugar que estava. Um estadio? Comecei a ficar com muito medo. Não sabia onde estava e entrei em pânico. Vi do meu outro lado uma poltrona maior, mais bonita que tinha o nome "Certezas" e pulei pra ela. Então, comecei a ouvir de mim, do fundo de mim "não consigo", repetidas e repetidas vezes. Olhei para os lados e comecei a gritar de medo. Gritar para aqueles que amava e aos estranhos, qualquer coisa, só para ouvir consolo. Mas ouvi palavras que me levavam a Deus, não consolos. Quando a chuva clareava e ficava mais calma, vi uma outra poltrona e impulsivamente pulei nela. Essa terceira poltrona tinha o nome "Insegurança". Sentada nela, apenas entrei em silêncio. Deus começou a falar mais alto, em um sussurro.
    Estava na faculdade, indo comer alguma coisa na cantina. Mais em paz, de ter conseguido estudar, comprei um achocolatado e fui pegar o elevador. Encontrei, de repente, uma professora com quem queria conversar naquele dia. Conversamos um pouco e ela quis me ouvir. Fomos até o andar que é o refeitório para funcionários e ela ofereceu irmos "tomar uma sopinha". A sopa estava quentinha e naquele dia, estava garoando e não havia almoçado. Conversamos e fui falando minhas ideias malucas(de fuga). Ela me ouviu atentamente e atenciosamente. Me deu conselhos sobre a opinião dela, de forma bem realista. E prestando atenção à situação percebi como Deus estava sendo amoroso. Eu havia fugido e Ele estava me alimentando, deixando falar com a professora para ver que estava errada. Quando ela foi pagar a sopa e eu fiquei a mesa, ouvi, dentro de mim Deus falar "Filha, o que está fazendo?" brandamente.
   A única coisa que eu tinha que fazer, em tudo isso, era levantar das poltronas. Deus foi esclarecendo cada vez mais quando estava insegura. Ele me deu três chances de tomar a decisão. Eu queria que ele segurasse minhas mãos para levantar.

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